O Snapchat é notoriamente conhecido como o aplicativo mais usado por adolescentes que procuram alterar sua aparência, causando a chamada dismorfia corporal.
Quando se trata de filtros que reconstroem os recursos dos usuários, o Snapchat superou o Instagram, Facetune, Lightroom e outros aplicativos de edição populares.
A capacidade de aplicar um filtro perfeito em uma passada e compartilhar instantaneamente nas redes sociais promoveu percepções de beleza irrealistas nos usuários na última década.
E isso também criou um grave problema! É sobre a dismorfia corporal provocada pelos APPs que abordo no artigo abaixo. Vamos conferir?
APPs e autoestima
Nos últimos dois anos, os cirurgiões plásticos observaram um aumento nos casos que classificaram como “dismorfia Snapchat”.
O desejo de alisar a pele, afinar o rosto e realçar os olhos foi levado longe demais. Chegou ao ponto de que pacientes cada vez mais jovens trazem fotos de seus próprios corpos filtrados como referência para a cirurgia.
Antes da explosão da popularidade dos filtros, os pacientes de cirurgia plástica geralmente traziam fotos de suas celebridades favoritas, pedindo recursos semelhantes.
Claro que essas solicitações nunca podem ser completamente atendidas, afinal de contas cada indivíduo único.
Foi então que trazer uma foto sua fez com que as capacidades da cirurgia plástica parecessem infinitas e a linha entre a realidade e a fantasia tornou-se difícil de distinguir.
Cirurgiões plásticos conceituados em todo o mundo são apresentados a pacientes de até 16 anos que solicitam mudanças em seu corpo, com base no resultado de aplicativos. Acredita-se que essa seja uma causa preocupante do transtorno dismórfico corporal.
A dismorfia corporal
Os usuários acreditam que as alterações feitas pelos filtros do Snapchat, do Instagram, e de outros APPs são fisicamente realizáveis.
Essa percepção é causada pelo fato dos filtros produziram um plano de realidade aumentada. Ao contrário de aplicativos de edição que permitem a edição em uma foto capturada anteriormente, os filtros dos APPs interagem com o mundo real.
Eles colocam suas imagens em um componente físico no espaço, mudando para se adaptar ao cenário físico ao seu redor. Esta é a combinação perfeita entre a vida real e o virtual e é o que atrai o apelo dos usuários.
Os APPs alteram a construção física e tópica de um rosto. E isso cria uma realidade distorcida, levando principalmente os jovens a desenvolver uma dismorfia corporal baseada no resultado dos filtros.
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Um perigo real
Os efeitos das lentes de realidade aumentada incorporadas às plataformas de mídia social estão induzindo novos casos de transtorno dismórfico corporal.
Eles criam cada vez mais problemas de saúde mental, porque criam expectativas irreais de como as pessoas deveriam ser.
O transtorno dismórfico corporal, ou TDC, é classificado como um transtorno de ansiedade caracterizado por uma pessoa se preocupar excessivamente com sua aparência.
Pessoas com TDC podem passar muito tempo comparando sua aparência com a de outras pessoas, olhando ou evitando espelhos e indo longe para esconder falhas percebidas.
Acredita-se que afete cerca de uma em cada 50 pessoas e é classificado no espectro obsessivo-compulsivo. Pode causar depressão e lesões autoprovocadas e afeta pessoas de todas as idades e sexos, mas é mais prevalente entre adolescentes e adultos jovens.
O problema é que um pequeno ajuste com o uso de filtros pode suavizar a pele e fazer os dentes parecerem mais brancos e os olhos e lábios maiores.
Um compartilhamento rápido recebe uma enxurrada de likes e comentários, e isso faz as pessoas perderem o contato com a realidade, criando a expectativa de que devemos parecer perfeitamente arrumados o tempo todo.
Equilíbrio como meta
Como forma de evitar a dismorfia corporal, o ideal é sempre dosar o uso dos APPs. Não digo que não devemos usar, mas devemos ter ciência de que os filtros são criados para alterar padrões de realidade.
E jamais devem ser usados para nos transformarmos naquilo que não somos. Seu uso exagerado pode afetar diretamente nossa percepção de quem somos e também nossa autoestima.
Portanto, para amenizar os efeitos que eles causam em nossa saúde mental, devemos estar atentos aos padrões de comportamento e nossa rotina. Dessa forma, evite uma sobrecarga de uso dos filtros, e dê preferência por aquilo que lhe faz sentir bem consigo mesmo!
Espero que o tema dismorfia corporal e APPs tenha sido claro, e também os graves riscos que eles podem trazer à saúde mental. E caso queira seguir recebendo dicas e informações, me sigas redes sociais. Estou no Facebook e Instagram!